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Projeto LAAB

Índice de Artigos

Assim, os objetivos passaram a ser:

  • Promover a formação inicial e continuada de professores para a educação das relações etnicorraciais, por meio da realização de oficinas pedagógicas e da produção de material didático sobre ludicidade africana e afro-brasileira.
  • Pesquisar sobre as manifestações da cultura lúdica africana e afro-brasileira;
  • Ofertar cursos de extensão e formação continuada para professores da Educação Básica, alunos e egressos das licenciaturas sobre a utilização de atividades lúdicas na educação das relações etnicorraciais.
  • Elaborar e publicar materiais didáticos sobre a utilização de jogos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras para a educação das relações etnicorraciais.
  • Desenvolver e utilizar recursos de divulgação eletrônica (website) para socializar as atividades do grupo e como mecanismo de publicação eletrônica;
  • Elaborar e publicar artigos sobre a utilização de jogos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras para a educação das relações etnicorraciais e sobre a utilização de ferramentas de internet na formação de educadores;
  • Apoiar a produção cientifica dos alunos de graduação sobre a cultura lúdica africana e afro-brasileira e sua utilização na educação das relações etnicorraciais.

A aprovação do projeto no edital PAPIM 2011 fortaleceu o Laab por meio da contratação de bolsista e a montagem de uma equipe de trabalho composta por professores do Campus, pesquisadores na temática racial, alunos de graduação, integrantes da Associação de Consciência Negra Quilombo de Castanhal – ASCONQ – e representantes da 8ª URE, por meio do Núcleo de educação para as relações etnicorraciais – NERER. A sinergia desse grupo foi fundamental para a realização de diversas e importantes atividades de valorização da cultura afro-brasileira e africana.
Os trabalhos realizados pelo Laab foram voltados à implantação da Lei 10.639/2003 e a educação das relações etnicorraciais. Importa destacar que tal legislação alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional intensificando a valorização da diferença.
Em decorrência dessas alterações a atual versão da LDB legisla de forma mais atuante e significativa quando determina no artigo 26-A a obrigatoriedade do estudo da história e da cultura afro-brasileira e indígena em toda a Educação Básica, nas escolas públicas ou privadas. O parágrafo 1º deste artigo esclarece que o conteúdo programático incluirá diversos aspectos da história e da cultura afro-brasileira e indígena que caracterizam a formação do povo brasileiro, tais como: o estudo da história da África e dos africanos; a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil; a cultura negra e indígena brasileira; o negro e o índio na formação da sociedade nacional e suas contribuições nas áreas sociais, econômicas e políticas do Brasil. O parágrafo 2º estabelece que esses conteúdos sejam ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, com destaque às áreas de educação artística, literatura e história brasileira. Por fim, o artigo 79-B inclui no calendário escolar o dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra.
O trabalho do LAAB também se voltou a difundir as noções presentes na Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. O relatório elaborado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que aprova e regulamenta as Diretrizes Curriculares, indica que o objetivo destas é oferecer uma resposta na área da educação à demanda da população afrodescendente através de políticas de ações afirmativas, isto é, políticas de reparações, reconhecimento e valorização de sua história, cultura e identidade. Assim, tal política curricular busca combater o racismo e as discriminações que atingem a maioria dos negros. Para tanto, propõe a divulgação e a produção de conhecimento, a formação de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico racial, sejam estes descendentes de africanos, povos indígenas europeus ou asiáticos. (Brasil/DCN, 2005).
As Diretrizes possuem como meta assegurar o direito dos negros de se reconhecerem na cultura nacional, bem como o direito de todos os cidadãos brasileiros de terem acesso a uma educação de qualidade e a professores capacitados para lidar com situações produzidas pelo racismo e pela discriminação social. Esses docentes devem ser profissionais sensíveis e capazes de conduzir a reeducação das relações entre os diferentes grupos etnicorraciais que constituem a sociedade brasileira.
Ao trazer a formação docente para o centro do debate, as diretrizes colocam um desafio para as instituições de Educação Superior, responsáveis pela formação inicial e continuada de professores. Enfrentar este desafio se constitui em uma das tarefas assumidas pelo projeto Laab nesses seus oito meses de existência.
Além disso, outra preocupação fundamental do projeto foi ampliar as pesquisas sobre ludicidade africana e afro-brasileira, porque muito da produção nacional sobre o tema ludicidade versa sobre aspectos relativos à herança lúdica europeia. Como explica Kishimoto (1999), a dificuldade de estudar a contribuição africana para o patrimônio lúdico nacional se explica pelo contexto da escravidão, que transformou a herança lúdica africana, chegando a incluir elementos racistas em jogos e versos que se popularizaram no Brasil. Nesse contexto, pensar a contribuição da ludicidade para a educação das relações etnicorraciais é enfrentar o desafio de pesquisar e selecionar jogos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras que permitam valorizar a diferença e não afirmar a brutalidade que marcou a chegada dos povos negros no Brasil.
Pensar a ludicidade como estratégia de consolidação da educação das relações etnicorraciais eram (e são) nossos desafios. Desafios assumidos com a coragem e com a alegria que caracteriza os estudos em ludicidade. Desafios vencidos a cada dia com a cooperação de um coletivo que brinca, mas que também luta pela ampliação dos direitos dos negros no nordeste paraense.
Importa esclarecer que em nenhum momento o Laab ousou falar pelas lideranças negras, mas apoiar e dar mais força as vozes do movimento negro, aos afro-religiosos, as comunidades quilombolas, etc. O que nos move é a força do coletivo, por isso as atividades desenvolvidas foram sempre realizadas em parcerias e em colaboração com outros projetos de pesquisa, como o programa Universidade no Quilombo do prof. Dr. Assunção José Pureza Amaral, com o movimento negro, como Associação de Consciência Negra Quilombo de Castanhal (ASCONQ), com as secretarias de educação e com os alunos do curso de graduação.

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